domingo, 21 de fevereiro de 2010

Saudade da minha terra

Poxa moço, você disse que não demoraria.. me leva logo, para minha terra onde as palavras não são mais necessárias...
Me diga que está cuidando bem das minhas coisas: minhas plantas, minhas flores, meu castelo, meus elefantes, minha escada (aquela, de colher estrelas), minha espada e meu distintivo.
Sim, lá ninguém me humilha, lá as gentes ficam felizes em me ver, batem palmas e sorriem enquanto passo em meu cavalo branco.
Posso até ver em pensamento... a banda tocaria e todos falariam - "Olha, ela voltou"!
Minha terra, que saudade..
Diferente daqui, lá nem os segredos, nem as sepulturas são profanados, não se planta mentira esperando colher verdades e as crianças tem de zero a quinze anos, e brincam de coisas de gente pequena mesmo... de roda, de amarelinha, de elástico... e não de imitar gente má, como nas novelas, que choram e desprezam por poder.
Primeira coisa que farei quando voltar, é me despir de minhas roupas, minhas malas e minhas lembranças. Sairei correndo pelada pela rua gritando, cantando e rasgando dinheiro (hábito muito comum por aquelas bandas).
PS - Não demora, por favor...

Não ligue para o que vê!

Sim pai, eu tô bem, estão me tratando feito uma princesa aqui não se preocupe.. Háa este esparadrapo na boca é para o meu bem, para que eu não saia por ai dizendo bobagem. Sim, realmente estou com as maos e os pés amarrados com cordas... mas os moços fizeram isso para evitar que eu saia por ai a cometer travessuras e me machuque.. eu mesma já me acostumei com isso. Machucados e manchas roxas pelo corpo? não não, deve ser algum erro na fotografia.. sua saúde é frágil papai, não se preocupe com isso.. jamais alguem me faria mal... O meu pescoço? é realmente está bem vermelho, mas é do perfume maravilhoso que me passam, várias vezes ao dia, adoro! Sim papai, estou mesmo bem magrinha e pálida.. estudos recentes mostram que quem come pouco vive mais, eles pensam no meu bem, porisso me alimentam de forma saudável. Não ligue para esta péssima aparência. As lágrimas? bem... são sim.. são de sangue mesmo... desculpa sua emotiva filha! Quando soube que os moços tirariam uma foto e enviariam a você, eu fiquei emocionada!!!
Paizinho, como te disse, me tratam muito bem neste mundo, estou muito feliz, só não estava sorrindo na foto, porque eu estava tímida para o fotografo rsrs. Peço por favor que fique calmo e não se preocupe, não acredite em tudo o que vê! Logo logo estaremos juntos de novo em nosso mundo e em nossa casa, e breve!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Devaneios de uma tarde de verão no msn :S

"a menor ponte do mundo, onde se encontra o maior livro é o olhar de duas pessoas"
-Von Braun-

LARGA MINHA BIC !!!!

O papel está quase no fim.. e agora o que será de mim? Vou virar um ser sem eira, nem beira, nem letras.. como vou gritar ao mundo?

Queria que brotasse de meus pés tinta amarela, assim poderia espalhar minhas letras pela grama verde, cintilando ao sol e correndo sem parar. Mas não o vil amarelo ouro, aquele que alimenta a fome dos inocentes e a ganância dos incautos, mas sim o amarelo bebê, aquele dos laços de fitas dos cabelos das menininhas que pulam amarelinha no quintal, sob a brisa das manhãs de primavera.

Queria que dos meus dedos brotassem “Bic’s”, assim eu sairia rindo, pulando e escrevendo pelos corrimãos das escadas, pelos ônibus, pelas paredes, pelas casas e nas ruas suas e minha e por onde quer que eu passasse.

Não, melhor não. Assim viriam os policiais, e eu não me conteria em ver aqueles uniformes impecáveis e sairia escrevendo por entre golas e camisas e calças e botas, bem como por seus carros e armas. Seria presa, e por favor tudo menos uma prisão! Aquelas quatro paredes seriam pequenas demais e acabariam rapidamente com meu estoque de letras e então o que seria de mim?

Queria mesmo é voar, assim de minhas asas sairiam tinta vermelha. Mas não aquele vermelho “vivo”, que tinge de sangue as mãos dos inocentes nas guerras sem sentido (se é que existe alguma guerra com sentido). Mas sim o vermelho rubro, aquele da arara e do boi caprichoso.... escrevia em vermelho para combinar com o céu azul e você conseguir enxergar láaa de longe, e escreveria até me cansar.. mas como me cansar respirando um ar tão alvo e puro?

Preciso terminar, mas como parar se ainda há espacinho branco no papel, tanta tinta na caneta e tanto espaço na sua mente?

Louco? Pode ser... mas leia baixo, pois as folhas vizinhas poderão escutar e chegar nas mãos dos juízes ou dos moços que cuidam das casas onde são internados os sábios e os loucos como você e eu. Lá eles tiram as canetas das nossas mãos porque dizem que nos machucam.

Usaria meus dedos e escreveria com barro ou sangue pelas paredes, e minhas palavras seriam mesmo assim lidas. E sobre as canetas, elas só machucam os olhos de quem não está preparado para ler as verdades dos mundos.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O hoje morreu, para sempre.


E toda a inocência do mundo se foi,
sobrou o ser
sujo, impuro, mal acabado e doente,
faiscas de vida, que um dia fora
esquecida, amarrotada, regurgitada
prisioneira de relógios, de arcabouços de concreto frio...

"bem vindo ao lar" - eu disse...
e assim seus olhos se abriram
tentou em vão, ocultar as lágrimas
mas já era tarde, pois as mascaras ja haviam caído,
olhavamos tristes ao longe..

lá ia ela, pulando rósea e sorridente,
por entre o lindo gramado e o ceu azul
entre gritinhos e balburdias infantis,
um lindo laço azul nos cabelos compridos
e o vestido longo e branco de chita, quase a se arrastar
olhava para nós com pena,
"este mundo não é para vocês, mas tentem ao menos fingir"
e assim
toda a inocência do mundo se foi.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Quero demais

Que coisa é essa seu moço
que me dói a cabeça, me vira do avesso
que me tira a roupa, a vergonha e o sossego?
De onde vem essa louca insana vontade
essa falta de ar, de paz, de ti
essa dor doída.. na hora de dormir
sem tua pele, teu cheiro, teu pêlo, teu queixo
pelas ruas procuro cega por teus olhos
e esqueço que são iguais aos meus
tristes, cegos e vazios... reflexos num espelho
duas contas de marfim, buscando eu em vc,
e sem perceber, você em mim...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Una palabra


Compositor: Carlos Varela


Una palabra no dice nada
Uma palavra não diz nada)

Y al mismo tiempo lo esconde todo
(e ao mesmo tempo o esconde tudo)

Igual que el viento que esconde el agua
(Igual ao vento que esconde a água)

Como las flores que esconde el lodo.
(Como as flores que escondem o lodo.)

Una mirada no dice nada
(Um olhar não diz nada)

Y al mismo tiempo lo dice todo
(E ao mesmo tempo diz tudo)

Como la lluvia sobre tu cara
(Como a chuva sobre tua cara)

O el viejo mapa de algún tesoro.
(Ao ver um mapa de algum tesouro)

Una verdad no dice nada
(Uma verdade não diz nada)

Y al mismo tiempo lo esconde todo
(E ao mesmo tempo o esconde tudo)

Como una hoguera que no se apaga
(Como uma fogueira que não se apaga)

Como una piedra que nace polvo.
(Como uma pedra que nasce aos poucos)

Si un día me faltas no seré nada
(Se um dia me faltares não serei nada)

Y al mismo tiempo lo seré todo
(E ao mesmo tempo serei tudo)

Porque en tus ojos están mis alas
(porque em teus olhos estão minhas asas)

Y está la orilla donde me ahogo,
(E está a onda onde me afogo)

Porque en tus ojos están mis alas
(Porque em teus olhos estão minhjas asas)

Y está la orilla donde me ahogo.
(E está a onda onde me afogo)