segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

LARGA MINHA BIC !!!!

O papel está quase no fim.. e agora o que será de mim? Vou virar um ser sem eira, nem beira, nem letras.. como vou gritar ao mundo?

Queria que brotasse de meus pés tinta amarela, assim poderia espalhar minhas letras pela grama verde, cintilando ao sol e correndo sem parar. Mas não o vil amarelo ouro, aquele que alimenta a fome dos inocentes e a ganância dos incautos, mas sim o amarelo bebê, aquele dos laços de fitas dos cabelos das menininhas que pulam amarelinha no quintal, sob a brisa das manhãs de primavera.

Queria que dos meus dedos brotassem “Bic’s”, assim eu sairia rindo, pulando e escrevendo pelos corrimãos das escadas, pelos ônibus, pelas paredes, pelas casas e nas ruas suas e minha e por onde quer que eu passasse.

Não, melhor não. Assim viriam os policiais, e eu não me conteria em ver aqueles uniformes impecáveis e sairia escrevendo por entre golas e camisas e calças e botas, bem como por seus carros e armas. Seria presa, e por favor tudo menos uma prisão! Aquelas quatro paredes seriam pequenas demais e acabariam rapidamente com meu estoque de letras e então o que seria de mim?

Queria mesmo é voar, assim de minhas asas sairiam tinta vermelha. Mas não aquele vermelho “vivo”, que tinge de sangue as mãos dos inocentes nas guerras sem sentido (se é que existe alguma guerra com sentido). Mas sim o vermelho rubro, aquele da arara e do boi caprichoso.... escrevia em vermelho para combinar com o céu azul e você conseguir enxergar láaa de longe, e escreveria até me cansar.. mas como me cansar respirando um ar tão alvo e puro?

Preciso terminar, mas como parar se ainda há espacinho branco no papel, tanta tinta na caneta e tanto espaço na sua mente?

Louco? Pode ser... mas leia baixo, pois as folhas vizinhas poderão escutar e chegar nas mãos dos juízes ou dos moços que cuidam das casas onde são internados os sábios e os loucos como você e eu. Lá eles tiram as canetas das nossas mãos porque dizem que nos machucam.

Usaria meus dedos e escreveria com barro ou sangue pelas paredes, e minhas palavras seriam mesmo assim lidas. E sobre as canetas, elas só machucam os olhos de quem não está preparado para ler as verdades dos mundos.

Um comentário:

  1. Como li em algum lugar uma frase genial, que não lembro o autor, infelizmente não associo nome a obra, mas mesmo assim, arrisco a reescrever ela agora;
    "Existem os loucos sérios e os mentalmente equilibrados sorridentes"
    Parabéns, muito bom, e vou sonhar também com canetas ao invés de dedos nas minhas mãos, só trocando a marca da mesma por outra melhor, quem sabe um dia, dez Mont Blanc!

    ResponderExcluir